9º Dia de Gravação - Guerrilha!





Sexta 17h10 - Depois de muito tempo esperando o dinheiro de grandes empresas entrarem em nosso projeto corretamente aprovado na Lei Rouanet tivemos uma brilhante conclusão: "Quem espera nunca alcança".

Então decidimos gravar novamente.

A garoa fina que perturbava a idéia deu-nos trégua e fomos ao marco zero de SP, a praça da Sé. Local onde creio eu que exista, abaixo do solo, um grande imã que atrai todos que habitam essa cidade impedindo-nos de sair daqui em uma força concêntrica, e esse excesso de eletromagnetismo atrai muitas mentes interessantes, geniais, perturbadas e loucas; que podemos ver em um passeio pela fauna do centrão como esse exemplo.

Lá fomos nós gravar a cena do Pastor, e a cena da Missa.

A cena do Pastor foi espontânea e simples. Rodrigo Fernandes autodenominado "o Evangelista da Sé", não teve crise com câmeras, nada de dificuldade, nada de vergonha. Texto evangélico na ponta da lingüa com direito a benção, e depoimento exclusivo em nome do Senhor.

A segunda cena era em tese bem mais difícil... Gravar na catedral da Sé, no meio da missa das 18h00 sem autorização. Entramos na magestosa Catedral da Sé, ajoelhamos pedimos proteção ao São Cinema, montamos a câmera e começamos a gravar. Acho que a reza deu certo por que não viram nem o tripé montado.



Saindo da catedral encontramos sem qualquer aviso Ruy Cortez. Nosso Federico Garcia Lorca atraído pelo imã.
É... vamo q vamo que os sinais parecem promissores sob a proteção de Lorca.

"Mas debaixo das estatuas não há amor,
Não há amor sob os olhos de cristal definitivo.

O amor está nas carnes laceradas pela sede,
na choupana diminuta que luta com a inundação.
O amor está nos fossos onde lutam as serpentes da fome,
no triste mar que embala os cadáveres das gaivotas
e no escuríssimo beijo que fere sob as almofadas.
"
F.G. Lorca

Fotos: Lara Valente

8º Dia de Gravação - Escadaria




Domingo 8h00 - Depois de poucas horas de sono a equipe entrou em ação denovo na escadaria da 9 de Julho no centro de São Paulo. Após alguns mal-humores comuns a equipes pouco dormida... água na escada!

Os atores da cena quase não precisaram de maquiagem, Pablito, Baga (assit. Direção), Sabiá e Maurício o artista plástico André Raimundo recebeu o toque fúnebre necessário pela nossa querida Iara para encarnar o mendigo morto.

De resto foi camera na mão e diversão pura em trabalhar em equipe e com os amigos.









Descrição da cena:

11. EXT – DIA – ESCADARIA DA IGREJA
(Câmera subjetiva. Grande angular, radial blur nos cantos, fotografia sépia, com tons escuros mais puxados pro vermelho)

Câmera olha em volta. Vê-se água escorrendo pela escadaria, molhando os mendigos. Lentamente, mendigos se levantam e começam a sair

V.O. - Por que já não há mais quem reparta o pão nem o vinho,

Resta apenas um MENDIGO deitado. Câmera olha por cima do Mendigo e aproxima-se de seu rosto, fixando-se neste ponto. O Mendigo desconhecido está morto, de olhos entreabertos com um olhar vazio.

V.O. - Nem quem cultive ervas na boca do morto,